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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

PARTIDO VIRA FIGURAÇÃO NA SUCESSÃO


Com a fraqueza da representação política, as reformas político-eleitorais se tornam praticamente impossíveis, conferindo mera democracia de fachada

Césa Fonseca

A sucessão presidencial brasileira em marcha demonstra que os partidos fragilizados deixam de ser expressão popular para se transformarem em mera tradução dos acertos de cúpula, cujas conseqüências configuram aprofundamento da própria fragilidade político-partidária no ambiente em que, graças a tal fraqueza da representação política, as reformas político-eleitorais se tornam praticamente impossíveis, conferindo mera democracia de fachada.
Os partidos políticos, no sistema democrático, são concebidos como instrumentos por meio dos quais são processados os antagonismos sociais em busca de consenso para evolução da sociedade. Sem eles, conforme destaca o sociólogo italiano, Norberto Bobbio, em Teoria geral da política, a democracia vira farsa e fenece. No Brasil, o processo político segue essa batida.
Historicamente, a impossibilidade de os partidos representarem, autenticamente, o sentimento popular e as relações antagônicas de classe sob o capitalismo, a fim de produzir líderes autênticos, gera o seu contrário, ou seja, o fenômeno do populismo. A sociedade deixa de acreditar nos mecanismos partidários, devido a impossibilidade de se ver neles representada, e passa a render-se ao discurso voluntarista de líderes salvacionistas, especialmente, quando emergem crises econômicas, que balançam as estabilidades monetárias e fiscais no ambiente global em que os mais ricos impõem aos mais pobres suas vontades, ancoradas no poderio bélico.
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Jornal da Comunidade - 5 a 11/06/2010

terça-feira, 21 de setembro de 2010


terça-feira, 7 de setembro de 2010

NO BRASIL, DIPLOMA É PARA POUCOS

Apenas 11% da população brasileira entre 25 e 34 anos conclui o ensino superior, diz OCDE

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O Brasil também tem a menor parte da população desta faixa etária com diploma do ensino médio entre os países pesquisados: apenas metade
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O Brasil tem a menor proporção da população entre 25 e 34 anos com ensino superior completo entre 39 países que fizeram parte do estudo "Olhares sobre a Educação 2010", da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), divulgado nesta terça-feira. Enquanto a média da OCDE é de 35%, o Brasil amarga a lanterninha da lista com apenas 11%.

De acordo com o estudo, o país também tem a menor parte da população desta faixa etária com diploma do ensino médio entre os países pesquisados. Apenas metade dos adultos nesta idade concluiu pelo menos o ensino médio no país, proporção muito distante da média da OCDE, de 80%. A proporção aumenta quando se estende o limite de idade até os 64 anos. Nesta faixa etária, dois terços da população não tem o diploma do ensino médio.
07/09/2010

domingo, 5 de setembro de 2010

Carências na educação limitam o crescimento do Brasil


The New york Times
Alexei Barrionuevo colaborou Myrna Domit
Em Caetés (Brasil)

Quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência do Brasil no começo de 2003, declarou emocionado que finalmente tinha recebido seu “primeiro diploma” ao se tornar presidente do país.

Um dos presidentes com menos escolaridade do país – Lula cursou apenas até a quarta série – logo se tornou um dos mais queridos, tirando milhões da pobreza extrema, estabilizando a economia do Brasil e quase ganhando status quase lendário dentro e fora do país.

Mas embora Lula tenha superado sua origem humilde, o país ainda está lutando contra a sua própria. Talvez porque mais do que qualquer outro desafio que o Brasil enfrenta hoje, a educação seja o maior empecilho em sua tentativa de acelerar a economia e se estabelecer como uma das nações mais poderosas do mundo, expondo uma grande fraqueza na nova armadura do país.

“Infelizmente, numa época de competição global, o atual estado da educação no Brasil significa que o país pode ficar atrás de outras economias em desenvolvimento na busca de novos investimentos e oportunidades para o crescimento econômico”, concluiu um relatório do Banco Mundial em 2008.

Ao longo da última década, os estudantes brasileiros ficaram entre os últimos países nos exames internacionais de competências básicas como leitura, matemática e ciências, atrás de outros países latino-americanos como o Chile, Uruguai e México.

Os brasileiros de 15 anos de idade ficaram em 49º lugar entre os 56 países no teste de leitura do Programa para Avaliação Internacional de Estudantes, com mais da metade dos alunos qualificados no nível de leitura mais baixo do teste em 2006, o ano mais recente disponível. Em matemática e ciências, eles foram ainda pior.

“Deveríamos ter vergonha disso”, diz Ilona Becskehazy, diretora executiva da Fundação Lemann, uma organização sediada em São Paulo que se dedica a melhorar a educação brasileira. “Isso significa que os jovens de 15 anos têm mais ou menos o mesmo nível de instrução que as crianças de 9 ou 10 anos em países como a Dinamarca ou Finlândia.”

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

ADVOGADOS NÃO RESPONDEM POR OFENSA A MAGISTRADO


26.08.10

Transitou em julgado anteontem (24) o acórdão do STF que dispôs que a cláusula de imunidade judiciária prevista no artigo 142, inciso I, do Código Penal assegura ao advogado a inviolabilidade por manifestações que haja exteriorizado no exercício da profissão, mesmo que a suposta ofensa tenha sido contra um juiz.

Com esse entendimento, o ministro Celso de Mello, do STF, concedendo habeas corpus, em 15 de dezembro do ano passado, extingiu o processo contra os advogados Sérgio Niemeyer e Raimundo Hermes Barbosa.

Eles foram acusados pelo Ministério Público Federal por suposta prática de crimes de calúnia, injúria e difamação contra a honra do juiz titular da 9ª Vara Federal de São Paulo.

A 2ª Turma do Supremo dispôs por unanimidade que "superando a restrição fundada na Súmula nº 691/STF, concede-se, de ofício, ordem de habeas corpus ao paciente Sérgio Roberto de Niemeyer Salles, e, por identidade de situação, estende-se-a ao co-réu Raimundo Hermes Barbosa, nos termos do voto do relator".

O impetrante do habeas foi o Conselho Federal da OAB. A peça foi apresentada pelo advogado Alberto Toron, presidente da Comissão Nacional de Prerrogativas da OAB Federal. (HC nº 98.237).

Para entender o caso

* O imbróglio começou depois que o juiz Hélio Egydio de Matos Nogueira, da 10ª Vara Federal de São Paulo não aceitou laudo feito pelo perito Ricardo Molina, contratado pelo advogado Sergio Niemeyer, para atestar se a voz interceptada - por meio de escutas feitas pela Polícia Federal - era mesmo de seu cliente (condenado por associação ao tráfico de drogas).

* O perito constatou algumas discrepâncias no áudio. As vozes, tanto do cliente de Niemeyer como de outras pessoas investigadas no mesmo processo, não se relacionavam com os áudios feitos pela PF, segundo o laudo. O perito constatou também que havia transcrições com palavras injetadas que não estavam no contexto do diálogo e apontou a possibilidade de áudios gerados a partir de edição ou montagem.

* Apresentado o laudo, a juíza Paula Montovani - que atuou juntamente com o juiz Hélio Egydio de Matos na condução do feito - , destacou que a defesa tinha de indicar especifica e pontualmente quais os registros de áudio que queria impugnar. A defesa contestou. Afirmou que a juíza presumiu autenticidade aos 318 mil arquivos produzidos pela PF e,ainda, transferiu o ônus da prova para a defesa.

* O juiz Hélio Egydio, em decisão posterior, registrou que o laudo contratado pela defesa poderia estar comprometido. Para ele, o perito poderia faltar com a ética, pois estava recebendo quantia em dinheiro para elaborá-lo. O juiz acrescentou que seria difícil, nesse contexto, assegurar a cabal imparcialidade da prova apresentada.

* Por causa disso, o advogado apresentou suas razões de apelação diretamente ao TRF-3. No documento, fez críticas genéricas sobre o modo de a Justiça Federal atuar. Registrou que o Juízo da 9ª Vara Federal estava alinhado com a Polícia Federal e com o Ministério Público para combater o crime, fazendo com que o juiz perdesse a isenção.

* As razões de apelação da defesa, mesmo com o processo tramitando em segredo de Justiça, foram encaminhadas ao juiz de primeira instância. Depois de receber o ofício, o juiz leu e selecionou alguns trechos que considerou ofensivos à sua honra e resolveu representar contra o advogado. Na sua representação, alegou que o advogado o chamou de "cínico e justiceiro".

* O advogado afirmou que o juiz interpretou as suas declarações de maneira equivocada e destacou a irresponsabilidade do Juízo em considerar válida transcrições feitas pela PF, que segundo ele, tem interesse moral em justificar suas ações, e rejeitar o laudo do perito sob alegação de que sendo ele pago pela defesa não estaria compromissado com a ética de dizer a verdade.

* O ministro Celso de Mello, do STF, considerou que o Ministério Público agiu além dos limites materiais previamente delineados na representação do magistrado federal contra os advogados.

* O juiz havia apresentado representação somente pela prática de injúria (artigo 140 do Código Penal). O Ministério Público foi além e denunciou os profissionais também por calúnia (artigo 138 do Código Penal) e difamação (artigo 139 do Código Penal).

* O ministro afirmou em seu voto que “o que fez o advogado, na espécie, foi apenas descrever de maneira clara, ainda que em tom crítico e duro, um comportamento que lhe pareceu equivocado. Trata-se de um direito que, fundado na prerrogativa de crítica profissional, assiste aos advogados na defesa legítima dos interesses de seus constituintes”.

Por meio de uma liminar concedida em abril deste ano o ministro Celso de Mello já havia determinado a suspensão do processo.

Acórdão do STF

"Intangibilidade profissional do advogado"

domingo, 22 de agosto de 2010

POVO PODE INTERVIR NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO


Apesar de pouco debatido, direito à comunicação é garantido na Constituição

Você sabe quem escolhe quais são as notícias que interessam para a população e as que podem ser descartadas? Conhece quem decide usar no noticiário a palavra “invasão” ao invés de ocupação ao se referir à luta pela terra? Poderiam ser os 170 milhões de brasileiras e brasileiros que todos os dias lêem jornais e revistas, ouvem rádio e assistem televisão. Mas não. O número, na verdade, é bem menor: apenas nove famílias decidem os caminhos que a comunicação vai trilhar no Brasil.

"A mídia brasileira é historicamente concentrada. O sistema foi constituído em torno da propriedade cruzada dos meios [ou seja, uma mesma família pode ser dona de várias empresas de comunicação, como emissoras de rádio, jornal, rede de televisão, etc]. Esses grupos estão ligados à um sistema de poder das oligarquias regionais no Brasil” afirma Venício de Lima, jornalista e professor da Universidade de Brasília.

Um exemplo bastante ilustrativo é o da família Marinho, que é dona da TV Globo, da Rádio CBN, do jornal O Globo, de páginas na internet e canais de TV a cabo, entre outros. Apenas em 2005, esse patrimônio gerou um lucro líquido de 1,99 bilhão de reais. Além do império constituído, os Marinho têm empresas parceiras - chamadas de afiliadas - por todo o país, que garantem a retransmissão de seus programas. Em geral, essas companhias são ligadas a grupos que detém o poder político-econômico na região e compram o direito de transmitir a programação da Globo. Apenas para citar dois exemplos: no Maranhão, o canal que reproduz a Globo pertence à família Sarney e em Alagoas, os direitos são da família Collor.

Mídia e poder

Para Venício de Lima, essa ligação entre as oligarquias locais e os meios de comunicação influencia na programação. “Na maioria das vezes, a posição privada e empresarial desses grupos – têm o direito deles de ter a posição editorial que quiserem - se transfere para a cobertura, o que não é correto nem democrático”, afirma.

Uma das possibilidades que o professor enxerga para combater esse quadro é a regulamentação do artigo 223 da Constituição Federal, que prevê a implementação de três sistemas de comunicação complementares: o público, o privado e o estatal. Até hoje o Brasil não colocou em prática essa resolução e tem apenas os sistemas privado, formado pelas grandes emissoras, pertencentes àquelas poucas famílias, e o estatal, controlado pelo governo.

O sistema público tem experiências bem sucedidas em alguns países como a BBC (Bristish Broadcasting Corporation), da Inglaterra. A rede possui oito canais nacionais de TV, 10 canais nacionais de rádio, 50 emissoras regionais de TV e uma página na internet. Sua principal fonte de financiamento vem de um imposto pago pela população. Dessa forma, a BBC não precisa de anúncios de empresas privadas para se manter, o que já garante uma cobertura menos parcial dos fatos.

Para integrar a comunidade com as transmissões, a BBC tem um conselho formado por representantes da população, que controlam a qualidade da produção, aprovam novos projetos e fiscalizam as contas da rede. Além disso, a BBC mantém um departamento de atendimento ao telespectador, que produz programas de TV com as principais críticas e sugestões encaminhadas.

Programação precisa passar por controle público

Outra ferramenta para permitir que a população participe ativamente dos meios de comunicação é o instituir um controle público desses veículos, ou seja, permitir que o povo opine em cima do que já está sendo produzido. “Seria uma maneira de a população ser ouvida e participar do que é veiculado nos grandes veículos de comunicação”, afirma Beatriz Barbosa, jornalista e integrante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.

Segundo Beatriz, como no Brasil as empresas de comunicação funcionam através de concessões, isto é, autorizações dadas pelo poder Legislativo, elas deveriam ser cobradas pelo que transmitem. “As empresas de comunicação prestam um serviço de interesse público. Portanto, a população deve ser ouvida e ter formas de mudar o resultado deste serviço se ele não estiver sendo prestado de forma democrática”, coloca.

“Em alguns países, há instâncias reguladoras capazes de receber as manifestações da sociedade, analisá-las e, se for o caso, cobrar das emissoras as modificações necessárias, com poder de sanção. Mas aqui ainda não conquistamos este espaço”, acrescenta.
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Para que o controle seja posto em prática, é preciso que movimentos e organizações sociais se unam em torno da luta pela democratização da comunicação. “O mais importante é a organização e mobilização da sociedade para uma reivindicação política deste direito. Reivindicação que deve ser feita, sobretudo, junto ao governo federal e ao Congresso Nacional, que é responsável pela regulação do setor”, conclui Beatriz.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

RANKING DOS MELHORES PAÍSES DO MUNDO: BRASIL OCUPA POSIÇÃO NÚMERO 48



Por InfoMoney, atualizado: 20/8/2010 9:18

SÃO PAULO – O Brasil ficou em 48º lugar na lista dos melhores países do mundo realizada pela revista Newsweek. A Finlândia ficou em primeiro lugar, seguida pela Suíça, Suécia e Austrália.

Na comparação com os vizinhos da América Latina, o Brasil está em nono lugar, à frente de países como Colômbia (62º), Paraguai (68º) e Venezuela (71º), mas perdendo da Argentina (46º), México (45º) e Chile (30º).

Já entre os BRICs, o grupo dos países emergentes, o Brasil lidera, ultrapassando Rússia (51º), China (59º) e Índia (78º).

Para elaborar o ranking, a revista explica que tentou responder à pergunta: "Se você fosse nascer hoje, qual país ofereceria as melhores oportunidades para viver com saúde, segurança e prosperidade?" Por meio de pesquisas de várias consultorias, foram escolhidos cinco critérios para a lista: educação, saúde, qualidade de vida, competitividade econômica e ambiente político.

Líderes

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é citado entre os principais líderes no ranking da Newsweek. Embora já se prepare para deixar o cargo, a revista diz que ele “ainda possui o status de estrela do rock” em seu País e do “tapete vermelho” no exterior.

Sob o governo Lula, o Brasil emergiu de um país do mundo em desenvolvimento crônico para uma potência emergente. Com a economia estável, biocombustíveis, novos campos de petróleo e crescimento da classe média, o Brasil parece hoje ter tudo”, destaca a pesquisa.

Apesar de criticado pelo envolvimento demagógico em casos como o de Hugo Chávez e Mahmoud Ahmadinejad, “ele continua pragmático e seguro o suficiente para não arriscar o país em uma aventura populista. Como resultado, o Brasil cresceu em seu tempo e, na política, é isso que importa”.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

TSE REAFIRMA QUE LEI DA FICHA LIMPA DEVE SER APLICADA NAS ELEIÇÕES DESTE ANO


Os ministros do TSE reafirmaram, agora em julgamento, que a lei da Ficha Limpa deve ser aplicada para as eleições deste ano, sem violar o princípio constitucional da anterioridade previsto no artigo 16 da CF.




Vencida essa etapa, o tema deve naturalmente aportar no STF, que é quem dará a palavra final. Para muitos, se o STF não for na onda do clamor popular, os ministros devem, em respeito ao princípio constitucional, rejeitar o uso da ficha limpa para este pleito. Mesmo porque, a lei agora pode, e de fato parece ser, boa, mas poderia não ser, e o princípio da anualidade tem justamente o escopo de se evitar que leis eleitorais sejam feitas de afogadilho e com motivação muitas vezes deturpada.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

PARECER SOBRE SALÁRIOS DE ADVOGADOS PÚBLICOS PODE SER VOTADO



A comissão especial sobre a remuneração dos advogados públicos pode votar na terça-feira (17.08) o parecer do relator, Deputado Mauro Benevides (PMDB-CE).

De acordo com o substitutivo apresentado por Benevides, a remuneração do topo das carreiras de advogados e defensores públicos será 90,25% do subsídio dos ministros do STF, o teto do funcionalismo. Em valores atuais, o salário final passaria de R$ 19.451 para R$ 24.117.

A proposta beneficia defensores públicos estaduais e federais, que prestam assistência judicial a quem não tem condições de pagar advogado. Favorece também os advogados da União, procuradores da Fazenda Nacional e do Banco Central, procuradores federais e estaduais, carreiras responsáveis pela defesa judicial e extrajudicial de órgãos públicos, autarquias e fundações.

Instalada no mês passado, a comissão analisa as Propostas de Emenda à Constituição nºs 443/09, do deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG) e 465/10, do Deputado Wilson Santiago (PMDB-PB).

As duas PECs vinculam os subsídios das carreiras da Advocacia-Geral da União (AGU) e das procuradorias dos Estados e do Distrito Federal ao subsídio de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Fonte: Agência Câmara

sábado, 7 de agosto de 2010

A ARTE DE FURTAR



"Venham aqui todos os ladrões do mundo. Tenha cada um tantas mãos como o Briareu Centímano em cada mão outras tantas unhas. Não fique unha que aqui não venha a este exame. Pesquem, cacem, empolguem e pilhem tudo quanto quiserem, ouro, prata, pérolas, jóias de pedraria mais preciosa, ofícios, benefícios, comendas, morgadios, títulos, honras, grandezas até não mais, e vamos por ordem discutindo tudo.


Nascestes neste mundo nu (que assim nascem todos), abristes os olhos e vistes que com as riquezas medram os poderosos: desejastes logo ser um deles e tratastes de juntar as riquezas com que os poderosos incham.


Esperai: não furteis para as haverdes; eu vo-las dou todas porque só tratamos aqui, por ora, fazer a experiência que vou discursando, para cairdes no desengano, que trato de vos intimar. e se as tendes já porque as adquiristes, servindo, chatinando e roubando, que tudo vem a ser o mesmo - dizei-me, agora, se vos falta mais alguma coisa. Depois de vos verdes com grande cabedal, que é o que pretendeis?


A Arte de Furtar. Anônimo do século XVIII. Editora L&PM, 2005, p. 295-296.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

BRASIL: TERRAS ESTRANGEIRAS - GRINGOS LOTEIAM O LITORAL



Com o apoio do governo do estado, que investe em infraestrutura exclusiva para empreendimentos de luxo, investidores espanhóis e portugueses fincam bandeira no Ceará.

Lúcio Vaz


Grandes empreendimentos turísticos com financiamento de empresas estrangeiras e fundos de investimento internacionais estão comprando paraísos ecológicos até então intocados no litoral do Ceará. O valor dos negócios supera os R$ 5 bilhões. A ocupação é agressiva e sem controle. Os projetos ocupam dunas fixas e móveis, áreas de marinha, estuários e terras reivindicadas por indígenas. Há casos em que áreas desmatadas são abandonadas por projetos fracassados. Os forasteiros são recebidos de portas e cofres abertos pelo governo do estado, que já injetou cerca de R$ 100 milhões em obras de infraestrutura em apenas duas iniciativas. Ontem, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou empréstimo internacional de US$ 250 milhões para aprimorar a infraestrutura turística na região.

Os nomes dos grupos estrangeiros não aparecem nos registros feitos nem nos cartórios locais ou na Junta Comercial do Ceará, como mostra pesquisa feita pelo Correio. Os empreendimentos são registrados em nome de empresas brasileiras criadas pelos consórcios multinacionais. Os prestadores de serviços turísticos são obrigados a se cadastrar no Cadastur, do Ministério do Turismo, mas os hotéis só fazem isso quando entram em operação. Antes disso, somente se a companhia buscar recursos públicos, seja ela nacional ou estrangeira. Além disso, como as regras para brasileiros e estrangeiros são praticamente as mesmas, o ministério não informa quantas das empresas cadastradas são de fora do país. A única exigência é que os gringos tenham endereço oficial no Brasil.
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Artimanha denunciada

A estratégia de criar empresas brasileiras para registrar empreendimentos com capital de outros países e o descontrole por parte do governo federal no que diz respeito ao mapeamento dessas propriedades fazem parte das denúncias publicadas pelo Correio Braziliense - do grupo Diários Associados, do qual faz parte o Diario de Pernambuco - na primeira etapa da série de reportagens "Terras estrangeiras".

As reportagens, publicadas nos últimos dois meses, focaram grandes projetos agropecuários comandados por forasteiros, especialmente na Região Centro-Oeste e em Minas Gerais, além de grandes extensões de terra na Bahia, em São Paulo e no Rio Grande do Sul utilizadas pela indústria de celulose.

O governo federal admitiu que a maior parte dessas terras não está registrada como propriedades de estrangeiros, embora muitas das empresas tenham capital majoritariamente proveniente do exterior. Uma decisão recente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou que os cartórios passem a informar quando as aquisições forem feitas por companhias de outros países

Fonte: Correio Braziliense (4/8/2010)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

BRASIL PODE ACABAR COM A MISÉRIA EM 2016, DIZ IPEA


13/07/2010 - 15h23
DA AGÊNCIA BRASIL

Até 2016, o Brasil pode superar a miséria e diminuir a taxa nacional de pobreza absoluta (rendimento médio domiciliar per capita de até meio salário mínimo por mês), segundo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sobre pobreza e miséria. O levantamento apresentado nesta terça-feira no Rio alerta que, para atingir esse ideal, o país precisa equilibrar a desigualdade que existe entre os estados em relação às taxas de redução da pobreza.

Segundo o levantamento baseado em dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), entre 1995 e 2008, 12,8 milhões de pessoas saíram da condição de pobreza absoluta, enquanto que 13,1 milhões superaram a condição de pobreza extrema (rendimento médio domiciliar per capita de até um quarto de salário mínimo mensal).

O desafio, segundo o Ipea, é fazer com que os estados apresentem ritmos diferenciados de redução da miséria, justamente por apresentarem níveis diferentes de distribuição de renda e de riqueza. Entre 1995 e 2008, as taxas de pobreza extrema entre as unidades da federação foram bem desiguais.

Em 1995, Maranhão (53,1%), Piauí (46,8%) e Ceará (43,7%) eram os Estados com maior proporção de miseráveis em relação à população. Treze anos depois, Alagoas assumiu o topo do ranking, com a taxa de pobreza extrema de 32,3%.

Na outra ponta da lista, Santa Catarina (2,8%), São Paulo (4,6%) e Paraná (5,7%) apresentaram os melhores resultados.

Em relação à pobreza absoluta, entre os estados que tiveram os melhores resultado nesse período estão Santa Catarina, que reduziu a taxa em 61% no período de 13 anos, Paraná (52,2%) e Goiás (47,3%). Já o Amapá (12%), o Distrito Federal (18,2%) e Alagoas (18,3%) tiveram as menores taxas de redução do universo de pessoas nessas condições.


Fonte: Folha.com

quinta-feira, 1 de julho de 2010

CNJ recomenda a revogação da portaria que criou o "serial killer" processual


(01.07.10)

O Conselho Nacional de Justiça recomendou ontem (30) a revogação da Portaria Conjunta nº 001, da 7ª Vara da Seção Judiciária da Paraíba, que criou a prática de extinção indiscriminada de ações em João Pessoa.

Por maioria de votos, o CNJ acolheu em parte o pedido apresentado pela OAB Nacional e pela Seccional paraibana da entidade, sob o entendimento de que a portaria não atende aos requisitos da oportunidade e conveniência.

A OAB ingressou no CNJ com um procedimento de controle administrativo alegando que a prática de extinção de processos de forma indiscriminada naquele Juízo estaria se dando sob a alegação, pelos juízes, de que estariam faltando documentos imprescindíveis para o julgamento dos processos, ao invés de simplesmente intimar a parte requerente para que juntasse aos autos as peças faltantes.

Dados da Corregedoria-Geral de Justiça no Estado comprovaram que, em junho de 2009, 68% das sentenças daquela Vara - 1.058 processos - foram extintos sem julgamento de mérito.

Com a recomendação, a OAB nacional espera que "os juizes voltem a analisar, em cada caso concreto, as situações em que cabe ou não a concessão da tutela antecipada ou liminar, não podendo estabelecer previamente em quais casos analisarão ou não".

A norma estava suspensa por liminar desde o dia 8 de junho. Na época, segundo o saite da Ordem nacional, a indigitada portaria "acabou por propiciar a existência de um ´serial killer processual´, que fazia correr solta uma prática absurda de extinção indiscriminada de ações no Estado da Paraíba".

Os signatários da portaria atacada foram os juízes federais Rogério de Meneses Fialho Moreira e Rogério Roberto Gonçalves de Abreu.


terça-feira, 8 de junho de 2010

LUTA POR STATUS NA AGU


Pelo menos 400 assistentes aguardam para ser transformados em advogados públicos. Apesar da polêmica, 11 já foram beneficiados

Luciano Pires

Correio Braziliense - publicação: 07/06/2010

A decisão da Advocacia-Geral da União (AGU) de transformar os assistentes jurídicos que atuam na defesa do Executivo federal em advogados públicos está causando polêmica. Parte dos profissionais é contra a promoção desses servidores que já trabalhavam na área antes mesmo da criação do órgão, em 1988. Embora ganhem salário equivalente ao de um advogado da AGU, eles não estão na mesma posição hierárquica que os colegas que prestaram concurso para ingressar na carreira.

Há aproximadamente 400 pessoas aguardando para mudar de status funcional. Com o aval do advogado-geral da União Luís Inácio Adams, 11 já foram beneficiados. O chefe da AGU é favorável à medida por se tratar, segundo ele, apenas de um ajuste administrativo sem impactos financeiros ou a necessidade de remanejamentos estruturais. A posição de Adams encontra respaldo em justificativas jurídicas e consultas internas feitas pelo órgão ao longo dos últimos dois anos. A ordem oficial é dar continuidade aos processos.

Uma parcela dos advogados públicos, no entanto, quer barrar as promoções a qualquer custo, sob o argumento de que AGU não teria competência para realizar as mudanças. “Somos contra porque esse pessoal não fez concurso público. Eles não são advogados públicos”, ataca André Alcântara, presidente da Associação Nacional dos Advogados da União (Anauni). Em 2005, a entidade entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando os atos. Não há data para o julgamento.

Guerra
As eleições presidenciais e a sucessão no órgão a partir de 2011 estimulam as disputas internas entre os diferentes sindicatos vinculados aos servidores da AGU. Com a disputa de corredor, apoiadores e críticos à gestão de Adams tentam marcar território com o objetivo de ganhar visibilidade e projeção perante possíveis substitutos do atual advogado-geral. “É uma disputa política. Só isso. Os colegas que contestam a integração dos demais querem aparecer, minar a administração do Adams. Há uma carga de preconceito muito forte também por trás disso tudo”, diz um advogado da União que lamenta a disputa interna.

Os defensores da transposição de cargos minimizam o fato de os assistentes jurídicos não terem passado por seleções públicas para ingressar na atividade. Antes de promulgada a Constituição de 1988, argumentam, o sistema de recrutamento adotado no funcionalismo privilegiava a análise curricular e as indicações. Mesmo depois que o concurso passou a ser obrigatório para o ingresso no setor público, quase 500 mil servidores foram absorvidos e ganharam estabilidade sem precisar se submeter a qualquer exame ou disputar uma vaga. Entre eles, estão os profissionais que agora pretendem ser reconhecidos como advogados públicos.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Forças de Israel atacam frota que levava ajuda humanitária para Gaza




31/05/2010



Forças de Israel atacam frota que levava ajuda humanitária para Gaza. Ativistas com 10 mil toneladas de suprimento tentavam furar bloqueio.Pelo menos dez pessoas morreram, segundo o Exército israelense.
Do G1, com agências internacionais



Militares de Israel interceptaram um comboio que tentava furar o bloqueio de ajuda humanitária à Gaza imposto por Israel e pelos Estados Unidos. O Exército de Israel afirma que mais de dez pessoas morreram na operação. Segundo relatos, muitos deles teriam nacionalidade turca. Agências internacionais de notícias informam que 30 ativistas ficaram feridos no ataque.A "Frota da Liberdade", composta por três navios que levavam 750 ativistas e três outros com com 10 mil toneladas de carga, saiu de uma área perto do Chipre. Os ativistas contaram que mostraram bandeiras brancas, mas os soldados atiraram na tripulação. A comunidade internacional criticou a ação de Israel.




MULTINACIONAIS DOMINAM O MERCADO DE OURO NO BRASIL

A maior mina em operação no Brasil está na cidade mineira de Paracatu e não tem bandeira verde e amarela. É canadense, nacionalidade da multinacional Kinross, que a controla. Tudo o que produz é exportado. Somente nos quatro primeiros meses deste ano saíram da mina da Kinross US$ 163,9 milhões em ouro para o mercado internacional, volume 82,2% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado (US$ 90 milhões).






COMO ESTÁ A DISTRIBUIÇÃO DO OURO NO MUNDO




FONTE: Correio Braziliense, 31/05/2010.


domingo, 30 de maio de 2010

CEPAL DEFENDE MAIOR PRESENÇA DO ESTADO


Brasília - A Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) propôs hoje (30), durante a abertura do seu 33º período de sessões, em Brasília, o fortalecimento do Estado e a participação dele como "protagonista" na formulação de políticas para o setor produtivo, bem como uma atuação mais efetiva como regulador da economia.


O documento aponta ainda o Estado como agente para diminuir a diferença entre pobres e ricos e garantir os direitos dos povos dos países latino americanos e caribenhos. "No âmbito político, o Estado tem um preponderante, ao qual não pode renunciar. Trata-se de velar por mais democracia e mais igualdade, duas caras da moeda política", ressaltou a secretária executiva da Cepal, Alícia Bárcena.


FONTE: Correio Braziliense e Portal Exame.

domingo, 23 de maio de 2010

Deputados Contra a Ficha Limpa


Consulte a lista dos deputados que votaram a favor dos destaques (emendas) para enfraquecer o texto da Ficha Limpa.


sábado, 22 de maio de 2010

Cresce a revolta na Itália contra a "lei mordaça" de Berlusconi

22/05/2010 - El País - Miguel Mora - em Roma (Itália).



Cresce na Itália a insurreição contra a lei da mordação. Jornalistas, juristas, televisões, editores e estudantes continuam manifestando sua indignação. Uma maratona de protesto diante de Montecitorio, a sede da Câmara dos Deputados, marcou na sexta-feira a expansão da revolta contra a norma preparada pelo governo de Silvio Berlusconi, empenhado em restringir tanto as escutas telefônicas nas investigações policiais ou judiciais quanto em proibir sua publicação nos meios de comunicação.

Enquanto isso, na Grécia...


PROCURADORA-GERAL DA UNIÃO, HÉLIA BETTERO, FERE PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE.



Esta é para constar nos anais da Advocacia-Geral da União...Servidores da AGU que, por temerem perseguições, não querem revelar o nome, informam que a Procuradora-Geral da União, Hélia Betero, no intuito de favorecer suas duas amigas da Procuradoria-Regional da União, Ana Luisa Figueiredo de Carvalho, então Subsprocuradora-Regional da União (mas, agora, Procuradora-Regional da União) e Rejane Bauermanhn, teria se valido de erros de forma, de um "regimento interno", para exonerar o Procurador-Regional da União, Manuel de Medeiros Dantas.
Para uma platéia de Advogados da União, ciente do que realmente ocorrera, Bettero teve a coragem de "informar" que se tratara de uma "exoneração a pedido".

SAIBA QUE...


Que, hoje, quem comanda as operações de extração do petróleo iraquiano são as grandes empresas americanas e inglesas.

Em 22/05/2010

quarta-feira, 19 de maio de 2010

70% dos servidores da PF fazem paralisação e bloqueiam emissão de passaportes em vários Estados


A paralisação realizada por servidores da Polícia Federal atinge 70% do efetivo da corporação em todo o país, segundo a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef). Em vários Estados os policiais realizam operação-padrão em aeroportos e em postos de fronteira. Os serviços de emissão de passaportes não estão sendo realizados por conta da paralisação.
Em São Paulo, um grupo de 70 agentes permanece em frente à sede da superintendência, na Lapa, zona oeste de São Paulo, deixando entrar apenas quem possui agendamento marcado. Segundo a assessoria do órgão, apesar da paralisação, todos os serviços estão sendo prestados normalmente, entre eles entrega e pedido de emissão de passaportes. A paralisação envolve, sobretudo, agentes, escrivães e papiloscopistas, ou seja, alguns dos cargos de menor remuneração dentro da PF. "A ideia é paralisar para chamar a atenção do governo. Não queremos parar de uma vez porque sabemos que isso prejudica muito a população", diz Almeida Lopes, presidente do Sindpolf (Sindicato de Policiais Federais de SP).Os trabalhadores exigem a reestruturação da carreira e da tabela salarial da categoria. Os servidores dizem ainda que no governo Lula a categoria foi muito desvalorizada e que há uma discrepância entre os salários dos policiais que estão no topo e os que estão começando a carreira. De acordo com Lopes, os servidores da PF recebem menos do que outras categorias que exigem qualificação inferior ou semelhante, como os profissionais da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Fonte: UOL

quinta-feira, 22 de abril de 2010

CONCURSOS - UNIÃO PELA MORALIZAÇÃO



Correio Braziliense

Letícia Nobre
Publicação: 22/04/2010 08:17


Recentes problemas envolvendo seleções públicas reacenderam a discussão sobre a criação de um estatuto para os concursos. Não há, em nenhuma das legislações que tratam do assunto, previsão de punições para erros provocados pelas empresas organizadoras das provas ou pelos órgãos contratantes. No domingo, candidatos a cargos no Ministério do Transportes tiveram seus testes trocados. Outros cinco processos seletivos, três deles conduzidos pela Funrio, estão sob suspeição por falhas na aplicação dos exames. Para evitar o desgaste dos candidatos e prejuízos financeiros — o tempo gasto e a dedicação aos cursos preparatórios custam dinheiro —, a Associação Nacional de Proteção aos Concursos Públicos (Anpac) lançou um abaixo-assinado para levar ao Congresso um projeto de lei para padronizar as regras.O movimento "Concurso Público, Quero Lei" vai reunir assinaturas de todos os interessados na causa: candidatos, empresários e professores. Segundo o organizador do movimento, o presidente da Anpac, professor Ernani Pimentel, o objetivo é mostrar a necessidade urgente de se criar o que batizou de Estatuto dos Concursos. "Queremos uma lei para equilibrar as forças de quem organiza a seleção e de quem é selecionado", explicou. O abaixo-assinado está disponível no site http://www.anpac.org.br/.De acordo com Pimentel, as normas da entidade já inspiraram a elaboração do Decreto nº 6.944/2009, que norteia os concursos do Executivo federal. "Esse é um exemplo que precisa ser seguido pelos governadores dos estados, do Distrito Federal e pelos prefeitos de todos os municípios, além do Legislativo e do Judiciário. Mas elas têm limitações", ponderou. Segundo o professor, o texto em vigor carece de melhorias, como, por exemplo, o estabelecimento do prazo mínimo de 120 dias entre o edital e a primeira prova e de 90 entre o fim das inscrições e a avaliação. Além disso, Pimentel propõe a exclusão de exceções e termos que abrem brechas na lei, como o da formação do cadastro de reserva.


Protesto

Criada há cinco anos, a Anpac tem como bandeira a moralização dos concursos. Por isso, além do abaixo-assinado, a entidade mantém uma assessoria jurídica aos associados. Há duas semanas, candidatos inscritos às seleções da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Técnico-Científica de Goiás procuraram a entidade para protestar contra o curto prazo entre as inscrições e as provas. "É em situações assim que estamos atuando. Esses são concursos que demoraram a ocorrer e o edital previu pouco mais de 15 dias para os interessados se prepararem. Isso não pode ocorrer."

quinta-feira, 4 de março de 2010

RORIZ, O PAI DE TODOS




04/03/2010 20:22:48




Graças a Joaquim Roriz, candidato ao governo do Distrito Federal pelo PSC, à rotina de escândalos políticos de Brasília, simbolizada pela prisão do governador José Roberto Arruda (ex-DEM), agregou-se o deboche. Desde o dia 23 de fevereiro, Roriz aparece em rápidas inserções do programa eleitoral do PSC, do qual é presidente de honra, para se demonstrar uma inusitada indignação com o esquema de corrupção montado por Arruda e aliados no DF. As falas, visivelmente editadas, tentam compensar a incapacidade de articulação narrativa de Roriz, mas o elemento ofensivo do discurso não está na forma, mas no conteúdo. Roriz, pai de todos os escândalos do DF, nos últimos 20 anos, se diz indignado com o que vê. E não se trata de uma piada.




“É tão vergonhoso, é tão escandaloso e eu fico numa indignação, eu fico numa vergonha meu Deus do céu, como pode chegar nisso aí?”, pergunta Roriz, aos céus. “Mas, por outro lado, eu vejo firmeza na Justiça. A Justiça vai punir, a Justiça vai fazer como ela está fazendo. Então eu fico, por um lado eu fico com profunda decepção, e, por outro, cheio de esperança que a Justiça cumpra seu dever”, ensina o probo ex-senador do PMDB que, ocasionalmente, renunciou para não ser cassado por corrupção.




Joaquim Roriz, goiano de Luziânia, governou o Distrito Federal por quatro vezes, a partir de 1988, indicado bionicamente pelo então presidente José Sarney. Desde então, dedicou-se à construção física de currais eleitorais em forma de imensos e miseráveis assentamentos em torno da capital federal, aos quais se vinculou por meio de distribuição de lotes e por um discurso político populista e messiânico, deliberadamente repleto de erros de português e de citações religiosas. Ocorre que, em nome de Deus, Roriz já fez o diabo.




Contra o ex-governador há o registro de seis notícias crimes e cinco inquéritos no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Trata-se de um rol que inclui desde racismo (chamou um eleitor de “crioulo petista, durante um comício) a improbidade administrativa, falsidade ideológica e crimes contra a fé pública. Mas, enquanto permaneceu no mundinho quadrado do Distrito Federal, Roriz sempre conseguiu se safar, de um jeito ou de outro, ora debruçado sobre genuflexórios das igrejas locais, ora derramado em lágrimas entre cabos eleitorais mantidos nas monumentais favelas que ajudou a criar em torno de Brasília.






Em 2006, Joaquim Roriz, então no PMDB, decidiu se candidatar ao Senado Federal. Embora tivesse uma vice candidata a sua sucessão, Maria de Lourdes Abadia (PSDB), a quem já chamou de “vadia” em um comício, em 1994, Roriz apoiou o candidato do PFL, hoje DEM, José Roberto Arruda. Foi dessa simbiose, iniciada anos antes, quando Arruda foi secretário de Obras de Roriz, que nasceu o escândalo apelidado de “mensalão do DEM”. Qualquer outra tese sobre o tema é escapista. Não há nada de rigorosamente novo no escândalo de corrupção do DF que não tenha se originado das práticas e das gentes dos governos Roriz. Escândalo que o ex-governador acompanhou de longe, quieto, porque, ao botar o nariz para fora da política local, ele só conseguiu ficar cinco meses no Senado, do qual se afastou, em julho de 2007.




As circunstâncias políticas da renúncia de Roriz são emblemáticas, sobretudo quando se ouve, hoje, o ex-governador botar tanta fé e esperança na força da Justiça. Em 2006, Roriz foi flagrado em escutas telefônicas da Polícia Civil do DF quando negociava a partilha de um cheque de 2,2 milhões de reais com o então presidente do Banco Regional de Brasília (BRB), Tarcísio Franklin de Moura. A justificativa de Roriz para o flagrante adiantava o clima de deboche que viria. Segundo o ex-governador, o dinheiro era para pagar a compra de uma bezerra premiada do empresário Nenê Constantino, dono de uma empresa de transporte urbano do DF e da Gol Linhas Aéreas.




Depois da renúncia, a Polícia Civil do DF passou a trabalhar com a possibilidade de o dinheiro de Roriz ter sido oriundo de uma propina milionária por conta da mudança de destinação de um terreno que pertencia a um aliado, comprado por uma das empresas de Constantino. O suplente de Roriz e seu sucessor no Senado, Gim Argello (PTB), é apontado como intermediador do negócio.




A nova ofensiva política de Joaquim Roriz, baseada numa peça de marketing que afronta à inteligência do eleitor do DF, é uma aposta decisiva numa amnésia ainda a ser combinada, não se sabe a que preço, com a mídia local. Isso porque basta passar os olhos pelos nomes citados na Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, para perceber, de imediato, a ligação visceral entre as estrelas dos vídeos de corrupção explícita que derrubaram Arruda e os governos comandados por Joaquim Roriz.




A deputada Eurides Brito (PMDB), flagrada enquanto enchia uma bolsa de couro com maços de notas de cem reais, foi secretária de Educação e, depois, líder do governo Roriz. Cargo, aliás, que viria a desempenhar, também, no governo Arruda. Em texto escrito em um blog pessoal, na semana passada, ela acusou o ex-governador de ter ordenado a ela botar a mão na dinheirama. Seria, segunda a deputada, para garantir apoio a José Roberto Arruda, nas eleições de 2006. “Foi um dinheiro que o Roriz mandou eu receber”, afirma Eurides.




O deputado Júnior Brunelli, do PSC, era o parlamentar que organizava o apoio a Roriz entre as lideranças evangélicas do DF. Entre 2005 e 2006, foi presidente da Comissão de Constituição de Justiça da Câmara Legislativa, cargo-chave para as operações de Roriz no governo, sobretudo no que diz respeito a pareceres para liberação de créditos suplementares para empresas, segundo a Operação Caixa de Pandora, vinculadas ao esquema de corrupção do DEM. Brunelli, que renunciou ao mandato para não ser cassado, ficou famoso por comandar a famosa “oração da propina”, proferida em honra ao corruptor Durval Barbosa. O deputado Leonardo Prudente (ex-DEM), ex-presidente da Câmara Legislativa, mais conhecido pela alcunha de “deputado da meia”, também presidiu a Comissão de Economia, Orçamento e Finanças da Casa, durante o governo Roriz. Também graças a ele, os créditos suplementares da Codeplan eram resolvidos em menos de 72 horas. Prudente também renunciou para não ser cassado.




Welligton Moraes, dito jornalista, coordenava o milionário setor de publicidade de Joaquim Roriz, mesma função que passou a ocupar no governo Arruda, cedido a título de gentileza de um aliado para outro Por ora, Moraes está no presídio da Papuda, em Brasília, acusado de coordenar uma ação para subornar uma das testemunhas do esquema de corrupção do DF.




A simples perspectiva de que Joaquim Roriz possa ser eleito, novamente, governador do Distrito federal, deve ser encarada como sintoma de uma grave doença de caráter do eleitor do DF. Um fenômeno a ser discutido como questão prioritária de educação e de formação cultural, essa sim, a ser cuidadosamente pensada como intervenção federal. A posição de Roriz nas pesquisas revela, até aqui, uma inclinação corrupta dos eleitores do DF, inclusive da abastada classe média de Brasília (que nada tem a ver com a dura realidade das cidades-satélites).




Um pêndulo que oscila entre a ignorância e a má fé, sustentado por uma sinistra certeza de que, por aqui, ladrão não é quem rouba, mas só quem é pego roubando. (foto: José Cruz/Agência Brasil).